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'Escravizados': Vinícolas terão que pagar R$ 7 milhões em indenizações no RS

Por Elisângela Costa em 10/03/2023 10:23:05

O Ministério Público do Trabalho do Rio Grande do Sul firmou um TAC (Termo de Ajuste de Conduta) de R$ 7 milhões com as vinícolas Aurora, Garibaldi e Salton em relação aos trabalhadores encontrados em condições análogas à escravidão em Bento Gonçalves (RS).

O que diz o TAC

Os R$ 7 milhões deverão ser pagos em até 15 dias após a listagem de todos os resgatados ser apresentada;

O valor é relativo a indenizações por danos morais individuais e por danos morais coletivos;

As três empresas assumiram 21 obrigações em relação à cadeia produtiva dos vinhos, como o monitoramento dos direitos trabalhistas;

A terceirizada Fênix Serviços Administrativos e Apoio à Gestão de Saúde Ltda. não aceitou os termos do TAC; a empresa pagou verbas rescisórias de mais de R$ 1,1 milhão até o momento

Pela recusa, o MPT vai prosseguir com ações judiciais contra a terceirizada, incluindo o pedido de bloqueio de até R$ 3 milhões do proprietário da empresa, Pedro Augusto de Oliveira Santana;

O TAC passa a valer imediatamente para as vinícolas, e o descumprimento de alguma das medidas implica multa diária de até R$ 300 mil.

Quais são as obrigações das empresas, segundo o TAC

Zelar pela obediência de princípios éticos ao contratar trabalhadores diretamente ou de forma terceirizada;

Garantir e fiscalizar a áreas de alojamentos, vivência e fornecimento de alimentação;

Firmar contratos de terceirização com empresas com capacidade econômica compatível ao serviço;

Fiscalizar as medidas de proteção à saúde e à segurança do trabalho adotadas pelas terceirizadas;

Exigir e fiscalizar o regular registro em carteira de todos os trabalhadores;

Promover estratégias de conscientização e orientação sobre boas práticas e cumprimento de legislação sobre direitos trabalhistas e direitos humanos.

Relembre o caso

A PRF (Polícia Rodoviária Federal) resgatou 207 pessoas em situação análoga a escravidão em Bento Gonçalves no dia 23 de fevereiro. Eles eram mantidos em um alojamento em péssimas condições, sofriam violências físicas e eram obrigados a comer alimentos estragados.

Os trabalhadores atuavam para a Fênix Serviços Administrativos e Apoio à Gestão de Saúde, empresa prestadora de serviço contratada pelas vinícolas Aurora, Salton e Cooperativa Garibaldi.

A maioria dos trabalhadores vinha da Bahia e era negra.


*Com UOL

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