Monique Medeiros, mãe de Henry Borel e ré pela morte dele, voltou nesta quinta-feira (6) para a cadeia, após uma decisão que afirma que ela descumpriu medidas cautelares impostas pela Justiça. O pedido foi feito pela acusação, que tem à frente o pai do menino, Leniel Borel.
Leniel pagou um oficial de cartório para monitorar as redes sociais da Monique e comprovar que o perfil dela continuava postando em redes sociais, apesar das restrições judiciais. Tudo foi anexado ao processo – a defesa de Monique nega que as redes sociais fossem dela.
Em um áudio ao qual o RJ2 teve acesso, enviado a uma amiga em 3 de outubro de 2022, Monique demonstra todo o seu ódio pelo que chama de "vingança" de Leniel, uma das principais testemunhas de acusação no processo.
"Amiga, que homem desgraçado, cara. Olha... Meu Deus... Se eu encontro ele na rua, não sei o que eu faço não. Juro. Gosto nem de pensar. Ele é pior que o MP porque ele só quer vingança. Esse homem. É ódio puro no coração dele. Tinha que morrer, infartar, ter um câncer", diz (ouça acima).
Leniel comentou a gravação. "Era muito difícil ver isso todo dia, receber esse tipo de informação dela que de alguma forma estava tentando criar um personagem. Monique vem tentando criar um personagem de mulher agredida, de vítima de violência doméstica e, por último, agora ela vem criando um personagem de que ela sofria comigo a mesma coisa que ela sofria com o Jairo, que ela era uma vítima e não a pessoa que causou tudo aquilo."
Volta à prisão - Monique deixou a 16ªDP (Barra da Tijuca) na tarde desta quinta-feira (6) e foi levada para o Presídio de Benfica – porta de entrada para o sistema prisional.
Ré por tortura e homicídio contra o filho, ela passa por audiência de custódia nesta sexta-feira (7) e será levada, depois de sair de Benfica, para o Instituto Penal Santo Expedito, em Gericinó, unidade onde ficou anteriormente custodiada.
Morte com sinais de tortura e agressão - Henry morreu no dia 8 de março de 2021. Exames de necropsia mostraram que ele tinha 23 lesões no corpo e morreu por ação contundente e laceração hepática.
O menino estava no apartamento onde a mãe morava com o padrasto, Jairinho, na Barra da Tijuca. Foi levado por eles ao hospital, onde chegou já sem vida, segundo os médicos.
A prisão foi determinada pelo ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), nesta quarta-feira (5), após analisar um recurso do pai do garoto, Leniel Borel.
De acordo com a decisão, ela teria coagido uma testemunha e estaria utilizando redes sociais, descumprido as medidas cautelares impostas pela Justiça. A defesa da ré nega (veja mais abaixo o que disse o advogado).
"Hoje ela está voltando para o lugar que ela nunca deveria ter saído", disse Leniel após a prisão.
O pai do menino disse que o STF agiu corretamente ao determinar o retorno de Monique para a cadeia. "É uma vitória para o povo brasileiro. É uma vitória para o processo. É uma vitória para a Justiça. Quero agradecer intensamente ao STF, ao ministro Gilmar Mendes, que vem fazendo justiça no caso do meu filho assertivamente em todas as fases do processo. Monique nunca era para ter sido solta e estar em liberdade."
Na quarta-feira (5), Leniel já tinha se pronunciado e dito que era imprescindível a prisão, uma vez que ela foi pronunciada pelos crimes de homicídio, tortura e coação no curso do processo, e que, em liberdade, ela é um risco para a instrução que será realizada no dia do júri popular.
Leniel recorreu contra a decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ) que revogou, em agosto do ano passado, a prisão preventiva.
Monique é acusada da morte de Henry juntamente com o ex-vereador Jairo Souza Santos Júnior, o Jairinho. Ao Supremo, a Procuradoria Geral da República se manifestou pela volta de Monique à prisão.
No parecer, o Ministério Público pediu a revisão da decisão do STJ sob o argumento de que "há elementos de comportamento da ré" que tendem a perturbar a instrução do processo e de que é preciso observar o princípio do processo legal "não apenas quanto a direitos e garantias do réu."
O que diz a defesa de Monique Medeiros - A defesa de Monique Medeiros informou “que recebe a decisão do ministro com respeito”, mas destaca que apresentará esclarecimentos, pois “foi pautada em um descumprimento de medida cautelar inexistente.”
Segundo o advogado Hugo Novais, Monique não utilizou as redes sociais quando proibida, além de não ter ameaçado qualquer testemunha no momento da prisão domiciliar. “Estes fatos já foram esclarecidos há tempos, tratando-se de fake news.”
Fonte: g1
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