Alagoas tem 1,8 milhão de pessoas em situação de miséria
Alagoas tem 1 milhão e 833 mil pessoas inscritas no Cadastro Único do Governo Federal. Isso significa que mais de 53% da nossa população estão no CadÚnico. Este dado serve para mensurar o universo de alagoanos em situação de pobreza. Dentre eles, 1,2 milhão de cidadãos em situação de extrema miséria.
O cadastro atesta ainda que esta parcela superior a um terço da população sobrevive com renda inferior a R$ 89/ mês. Avaliou o professor-doutor em Economia da Ufal, Cícero Péricles. As estatísticas do CadÚnico são referências confiáveis para avaliar o quadro de empobrecimento da população brasileira, porque ela é a porta de acesso para execução de todas as políticas públicas em prática no País.
“O fato de haver mais de 1,8 milhão de alagoanos inscritos no Cadastro é assombroso porque ultrapassa mais de 50% da nossa população”, avaliou Péricles ao acrescentar que uma parcela deste conjunto social é constituída por pessoas extremamente pobres.
De acordo com número de alagoanos inscritos no Cadastro, tem uma parcela pequena de pessoas que recebem o Auxilio Brasil (antigo Bolsa Família), que até dezembro será de R$ 600/mês. Os governos federal, estaduais e municipais fazem busca ativa junto com Organizações Não Governamentais e Igrejas, que ajudam a promover as inscrições dos mais pobres, na esperança de que eles recebam ajuda para assegurar a sobrevivência com dignidade.
O governo de Alagoas tem um programa de transferência de renda direta de R$ 150/mês, dinheiro que dá para comprar apenas um botijão de gás. Sabe-se ainda que tem muita gente nos bolsões de miséria [favelas, grotas, barreiras e moradores de rua] consideradas invisíveis: sem documentos de identificação e, consequentemente, sem conseguir entrar nos programas sociais, admite o economista.
EMPOBRECIMENTO
Com a recessão que se instalou no Brasil a partir de 2019, após o agravamento da pandemia do Coronavírus, aumentou o nível de empobrecimento, por causa do desemprego e perda radical de renda. Em dois anos de pandemia [2020 e 2021] mais de 100 mil famílias alagoanas foram incorporadas no CadÚnico.
O programa Auxilio Brasil atende 540 mil alagoanos. Injeta na economia aproximadamente R$ 840 milhões/mês. “O montante é expressivo porque mais que triplicou o valor individual do programa de transferência de renda para quem está em situação de extrema vulnerabilidade social”.
O economista Cícero Péricles observou que o drama é que a transferência de R$ 600/mês para cada inscrito no Auxilio Brasil está programada para encerrar em dezembro. Se não houver mudanças aprovadas no Congresso Nacional, a partir de janeiro o repasse voltará aos R$ 400/ mês.
“Apesar de haver o Auxílio Brasil e o Auxílio Emergencial, o número de pessoas inscritas é insuficiente para atender a demanda. Isto acontece porque o nível de desemprego no País é muito elevado, mais de 33 milhões de trabalhadores estão fora do mercado de trabalho”.
Para complicar a vida difícil dos que recebem algum benefício social dos governos, Péricles avaliou que a volta do processo inflacionário reduz drasticamente o poder de compra. Os brasileiros convivem hoje com inflação de 7,5%. “As transferências direta de renda não acompanham a inflação. Isso ocorre também com os salários, sensivelmente corroídos”.
O professor de Economia da Ufal destacou que o novo salário mínimo anunciado pelo governo federal para 2023, de R$ 1.320,00, não oferece ganho real. “Apesar de representar R$ 90/mês a mais em relação ao salário mínimo atual, não representa ganho real diante deste processo inflacionário. O aumento gera um impacto muito pequeno na economia familiar”, lamentou Cícero Péricles.
Fonte: GazetaWeb
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