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Alagoas tem 132,8 mil mulheres a mais que homem, diz IBGE

Por Elisângela Costa em 28/10/2023 15:26:38

Como quem previa o futuro, ou somente narrava sua observação empírica, Djavan cantou, em 1978, “ô, Maceió, é três mulé prum homem só”. O cenário cantado por Djavan ainda chegou, mas na última sexta-feira (27) o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou dados que apontam que as mulheres são maioria na capital e em todo o estado. No Censo 2022, apenas 11 dos 102 municípios alagoanos possuem mais homens do que mulheres – e, ainda assim, em baixa vantagem

Os dados referentes à idade e sexo da população para o Censo Demográfico 2022 mostraram também que Alagoas tem a segunda população mais jovem do Nordeste e a nona do Brasil. O dado relativo à mediana, que é a idade que separa a metade mais jovem da metade mais velha da população, mostra que esse número saiu de 29 anos, em 2010, para 32 anos em 2022. Na região Nordeste, esse número foi de 27 para 33 anos. No Nordeste, Alagoas fica atrás apenas do Maranhão.

O economista e professor da Ufal Cícero Péricles avalia que, no sentido econômico, a queda da população na primeira infância, de zero a quatro anos, revela a entrada da mulher no mundo do trabalho, com a redução no número de filhos por família e a realização dos casamentos mais tardios. “A redução do percentual da população entre 5 e 19 anos revela essa mudança social, com uma nova visão em relação às novas estruturas familiares, que já vem desde o final do século passado; e a esse grande número de jovens continua sendo um desafio de como preparar uma geração mais escolarizada e preparada para entrar no mercado de trabalho mais difícil e complexo que vem pela frente”.

Segundo ele, outro dado positivo para a economia é que a faixa etária entre 20 e 60 anos foi ampliada, onde está o “grosso” da população economicamente ativa, com maiores possibilidades de pessoas ocupadas, trabalhando com empregos formais ou não. “O crescimento do número de habitantes acima de 60, que agora representam 13% dos alagoanos, revela uma melhoria da renda, do acesso ao sistema de saúde e mais informação, e, ao mesmo tempo, a necessidade de maiores investimentos com os cuidados especiais para essa população. No caso alagoano, esses resultados refletem mudanças culturais e um maior acesso às políticas públicas de educação e saúde, assim como a mais informação graças a conexão dessa população com os novos meios de comunicação”, analisa.

Voltando ao assunto do sexo, a razão de sexo é um índice calculado a partir da divisão entre a população de homens pela população de mulheres, multiplicada por cem. O dado obtido representa o número de homens que existem a cada centena de mulheres.

Em Alagoas, esses índices variam entre 101,45 para Girau do Ponciano, no Agreste, até 87,17 para a capital Maceió, ocupando, com isso, a última posição no ranking de razão de sexo. A média geral alagoana é de 91,9 homens a cada 100 mulheres.

Os números mostram ainda que, em Alagoas, nas últimas décadas, houve uma diminuição expressiva da faixa etária de 0 a 14 anos, que reduziu até quase a metade, desde o Censo 1980. Também ocorreu o alargamento das faixas etárias de 15 a 64, e, principalmente, na proporção daqueles com 65 anos ou mais.

Durante este período, a taxa de fecundidade diminuiu significativamente em todo o país, caindo de uma média de 4,35 filhos por mulher em 1980 para 1,76, de acordo com a última projeção de 2021.

Em Alagoas,a taxa de fecundidade no Censo 1980 era de 6,7 filhos por mulher. No ano de 2010, ainda de acordo com o levantamento censitário, essa taxa reduziu-se para mais da metade e passou a ser de 3,12 filhos. Para 2020, a estimativa das projeções populacionais era de 1,74 filhos por mulher. Para o Censo 2022 os dados de fecundidade ainda devem ser divulgados.

O Agreste é a região com maior índice de envelhecimento no estado. A localidade apresenta o maior número de idosos com mais de 65 anos em relação aos jovens de 0 a 14 anos. Estrela de Alagoas é a cidade que possui a população mais envelhecida em todo o estado: são 66,38 pessoas acima de 65 anos para cada 100 crianças de 0 a 14 anos de idade. Em seguida, surgem Mar Vermelho (62,93) e Minador do Negrão (57,60).

Por outro lado, boa parte dos menores índices de envelhecimento está no litoral ou nas cidades vizinhas. Roteiro, no Litoral Sul, tem apenas 22,9 idosos a cada 100 crianças. Maragogi, segundo com menor taxa de envelhecimento, conta com um índice de 24,3. São Luís do Quitunde e Satuba empatam na terceira posição, com cerca de 26 pessoas de 65 anos ou mais a cada 100 crianças de 0 a 14 anos.

Em nível nacional, as mulheres são, pela primeira vez em cinco décadas, maioria em todas as grandes regiões do Brasil. Faltava apenas a Região Norte para consolidar a tendência histórica de predominância feminina.

O país tem uma população residente de 203.080.756. Deste total, 104.548.325 (51,5%) são mulheres e 98.532.431 (48,5%) são homens. O que significa que existe um excedente de 6.015.894 mulheres em relação ao número de homens. O IBGE considera, para fins de registro, o sexo biológico do morador atribuído no nascimento.

Quando se consideram os grupos etários no Brasil, a proporção de homens é maior entre o nascimento e os 19 anos de idade. Entre 25 e 29 anos, a população feminina se torna majoritária e a proporção continua crescendo nas idades mais avançadas. A análise por Unidades da Federação mostra que o Rio de Janeiro é o que tem a maior proporção de mulheres. A razão de sexo do estado é de 89,4 homens para cada 100 mulheres. Já o Mato Grosso lidera a lista de estados com maior proporção de homens. A razão de sexo é 101,3 homens para cada 100 mulheres.

Os números apontam que a estrutura etária da população brasileira sofreu transformações significativas ao longo dos últimos anos. Há 22.169.101 idosos com 65 anos ou mais vivendo no país. É um número 57,4% superior aos 14.081.477 apurados na operação censitária anterior, ocorrida em 2010.

As mudanças ocorridas ao longo desses 12 anos também são observadas quando analisadas a proporção de idosos sobre a população total. No Censo 2010, as pessoas com 65 anos ou mais representavam 7,4% de todos os moradores do país. Já em 2022, elas são 10,9%.

Em sentido inverso, o total de crianças com até 14 anos recuou 12,6%, saindo de 45.932.294 em 2010 para 40.129.261 em 2022. Há 12 anos, essa faixa etária respondia por 24,1% de toda a população. Agora, ela representa 19,8%.

A proporção da população das faixas etárias intermediárias, entre 15 e 64 anos, sofreu leve variação. Em 2010, representavam 68,5% do total. Já em 2022, passaram a representar 69,3%.

Conforme apurou o IBGE, a idade mediana da população brasileira aumentou seis anos, saindo de 29 em 2010 e chegando a 35 anos em 2022. O índice de envelhecimento subiu para 55,2. Isso significa que há 55,2 idosos para cada 100 crianças até 14 anos. Em 2010, o índice era de 30,7.

As regiões do país com a maior proporção de idosos com 65 anos ou mais são Sudeste (12,2%) e Sul (12,1%). Entre os estados, o Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro e Minas Gerais lideram a lista. De outro lado, a população mais jovem, envolvendo crianças com até 14 anos, é mais expressiva no Norte (25,2% do total de moradores) e no Nordeste (25,2% do total de moradores).


Fonte: GazetaWeb

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