Alagoas abriga 25.725 índios, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgados ontem (7). Os números são resultado do Censo Demográfico de 2022 e deixam o estado em 16º lugar no ranking brasileiro de população indígena e em 13º lugar proporcional entre as unidades da federação. Essa parcela representa 0,82% da população, próxima da média nacional.
Pariconha é o município alagoano que concentra a maior parcela da população indígena, tanto em números absolutos quanto proporcionalmente.
Mais da metade da população de Pariconha se autodeclarou indígena. Do total de 10.573 habitantes, 56,12% afirmaram ser índios, ou seja, 5.934 pessoas.
Eles estão divididos em três etnias, Jeripankó (povoado Ouricuri), Katokinn (sede municipal) e Karuazú (povoado Campinhos). O município é o que tem a maior proporção de indígenas em relação ao total da população em Alagoas.
Além de Pariconha, que fica no Sertão do estado, em números absolutos a maior parte dos índios alagoanos está nas cidades de Palmeira dos Índios (4.375), Porto Real do Colégio (2.518) e Maceió (2.006).
As cidades com menos índios são Olho D’Água Grande, Feliz Deserto, Campestre, Barra de São Miguel (3); Belo Monte, Coqueiro Seco, Japaratinga, Jaramataia, Minador do Negrão, Palestina, Roteiro (2) e Mar Vermelho (1).
As cidades de Chã Preta, Coité do Nóia, Jacaré dos Homens, Monteirópolis e Pindoba não registraram população indígena.
Em Alagoas, há nove terras indígenas oficialmente delimitadas, distribuídas em 10 cidades: Aconã (Traipu), Fazenda Canto (Palmeira dos Índios), Geripancó (Pariconha), Karapotó (São Sebastião), Kariri-Xocó (Porto Real do Colégio/São Brás), Mata da Cafurna (Palmeira dos Índios), Tingui Botó (Feira Grande/Campo Grande), Wassu Cocal (Joaquim Gomes/Matriz de Camaragibe) e Xukuru-Kariri (Palmeira dos Índios).
Em Alagoas, a maior parte dos indígenas (74%) vive fora das terras oficialmente delimitadas (19.053) e apenas 6.672 vivem em territórios demarcados (25,94%).
A gestora escolar da tribo Kariri Xocó, comunidade indígena de Porto Real do Colégio, Lucicleide de Oliveira Suira, reivindica que os índios tenham seus direitos garantidos e respeitados, além da sua cultura e religião.
“Na comunidade, ensinamos as crianças o respeito à cultura dos brancos. Passamos para os pequenos índios o respeito a todos os povos. E é isso que queremos também. Somos uma sociedade. Temos que aprender com as diferenças para respeitar e considerar todos os povos. Precisamos nos fortalecer dentro do conhecimento. Os índios são também multiplicadores de conhecimento. Temos mais de 500 anos de história e estamos dispostos a compartilhar toda nossa história. Precisamos, sobretudo, de respeito”, ensinou a liderança.
Índias alagoanas exportam sua beleza e talento para o Brasil
Duas índias alagoanas estão, há algum tempo, nos holofotes nacionais mostrando seus traços de uma beleza marcante e talento surpreendente.
Em 2021, pela primeira vez na história, o Miss Brasil elegeu uma indígena como a mais bela mulher do país. Natural de Pariconha, em Alagoas, a modelo Elâine Souza, da etnia Katokinn, recebeu a coroação da beleza máxima.
À época, a então estudante de Psicologia subiu ao mais alto degrau da beleza do país com 21 anos. Elâine Souza que é também afrodescendente afirmou que “representar a beleza indígena em nível nacional é muito mais que uma responsabilidade, é uma questão de legado, evidenciando não só a nossa beleza, mas principalmente as nossas causas e lutas contra o genocídio e todos as perseguições que sempre passamos em funções do agronegócio, garimpos ilegais, demarcações e todos os tipos de tentativas de explorações de nossos territórios”.
A Miss Brasil 2021 chegou a incluir a etnia indígena em documento de identidade durante um programa voltado aos povos indígenas e quilombolas.
Na novela Terra e Paixão, da Rede Globo, existe um núcleo indígena, uma família que tem entre os membros uma alagoana, natural de Maceió, a atriz indígena Rafaela Cocal, 19 anos, dá vida a personagem Yandara.
Rafaela tem sua descendência indígena por parte da bisavó e tataravó maternas, e mesmo sem ter o reconhecimento oficial, adotou o “Cocal” em seu nome artístico, como forma de homenagear o povo indígena Wassu Cocal, localizado em Joaquim Gomes, Alagoas, etnia de onde vêm seus ascendentes.
Rafaela Cocal iniciou sua carreira nas passarelas no Renda-se, em 2021, evento de arte, cultura e moda realizado em Maceió. Desde 2022, com 18 anos de idade, decidiu morar em São Paulo, e passou a integrar o casting da agência Mega Model Brasil, chegando a desfilar em duas edições do “São Paulo Fashion Week”. Atualmente ela é atriz exclusiva da Mega Stage, um departamento da Mega Model focado em preparar e direcionar carreira de atores e atrizes.
“É um grande passo na TV brasileira trazer uma família indígena com atores com descendência indígena, são passos importantes, e lugares que estão sendo ocupados em vários setores. Fico imensamente feliz em fazer parte desse processo. Recebo muitas mensagens de meninas e meninos, inclusive da Wassu Cocal, que se espelham em mim e que me veem como exemplo e incentivo. E a importância desse passo me deixa muito feliz, em saber que meu trabalho está sendo visto e reconhecido”, afirmou, emocionada.
Ciente do seu papel social, Rafaela Cocal apoia com material esportivo um time de futebol feminino na Tribo Wassu Cocal e ajuda também o projeto Oca do Saber, um projeto social destinado às crianças e adolescentes indígenas.
*Com IBGE
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