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Audiência Pública expõe crise no abastecimento de água e conflitos entre concessionárias e comunidades

Por Redação Palmeira Fm em 15/05/2025 10:03:55

A Câmara de Vereadores de Palmeira dos Índios foi palco, na noite desta quarta-feira (14), de uma audiência pública marcada por fortes declarações, cobranças e clima de tensão. O evento, que lotou a galeria da Casa Legislativa, reuniu autoridades estaduais e municipais, representantes das concessionárias de água, lideranças comunitárias, rurais e indígenas, além de populares revoltados com a falta de água e o quebra-quebra nas ruas da cidade, promovido pela empresa Águas do Sertão durante obras de saneamento.

Entre os presentes, destacaram-se o presidente da Arsal, Zé Márcio, a deputada estadual Ângela Garrote, o promotor de Justiça Lucas Mascarenhas, além de representantes das concessionárias CASAL, CONASA e Águas do Sertão. A prefeita de Palmeira dos Índios, Luisa Duarte, não compareceu, enviando prepostos para representá-la na sessão.


Acusações e Defesa dos Indígenas

Um dos momentos mais tensos da audiência foi a defesa da comunidade indígena da Fazenda Canto, representada por Cássio Júnio, que repudiou as acusações de que os indígenas seriam responsáveis pelo desabastecimento de água na cidade.

“Foi amplamente divulgado que a empresa Águas do Sertão teria atribuído à Fazenda Canto a responsabilidade pela falta de água nos bairros de Palmeira dos Índios. É preciso repudiar esta alegação com toda a firmeza que a verdade exige”, declarou Cássio, em tom contundente.


Dados e Relatórios das Concessionárias

Os representantes das concessionárias apresentaram dados sobre a produção e distribuição de água no município. Segundo Adilson Lessa, Superintendente da CASAL, e Raulmar Filho, Gerente de Operações da Águas do Sertão, a barragem da Carangueja produz 550 mil litros de água bruta por hora, enquanto o sistema Caçamba produz 300 mil litros por hora.

Os números apresentados chamaram a atenção para as perdas de água ao longo do sistema, o que contribui significativamente para o desabastecimento. Conforme o relatório:

• 22% da água captada permanece em áreas privadas;

• 22% é destinada à Fazenda Canto;

• 56% chega à Estação de Tratamento de Água (ETA) de Palmeira dos Índios.


Posição do Ministério Público e ação contra o furto de água

O promotor de Justiça Lucas Mascarenhas anunciou que o Ministério Público irá intensificar as investigações sobre o furto de água no município, ressaltando a necessidade de uma força-tarefa para apurar ponto a ponto as irregularidades.

“Nós vamos fazer uma força-tarefa, ponto por ponto, porque o problema maior é esse furto de água absurdo”, afirmou o promotor, em um tom incisivo que arrancou aplausos da plateia.


Impacto das obras e quebra-quebra nas ruas

Além da crise no abastecimento, a população também criticou a destruição das vias públicas provocada pelas obras de saneamento realizadas pela Águas do Sertão. Ruas que outrora estavam pavimentadas agora apresentam buracos abertos, calçamento irregular e falta de reparos, o que vem causando transtornos à mobilidade urbana.

Apesar dos esclarecimentos apresentados pelas concessionárias, a audiência pública terminou sem um consenso ou cronograma definido para a solução do problema de desabastecimento. A comunidade aguarda ações concretas das autoridades e das empresas envolvidas, enquanto a tensão entre os indígenas da Fazenda Canto e a Águas do Sertão promete novos desdobramentos nos próximos dias.


Fonte: Tribuna do Sertão


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