O Palácio Guanabara, sede do governo estadual do Rio de Janeiro, em Laranjeiras, na Zona Sul da cidade, abriu as portas para o velório do jornalista Cid Moreira nesta sexta-feira (4). Familiares, amigos e fãs se reuniram no local para prestar as últimas homenagens.
Reconhecido como um dos maiores nomes do telejornalismo brasileiro, Cid morreu aos 97 anos, em decorrência de falência múltipla dos órgãos na quinta-feira (3), em Petrópolis, na Região Serrana do estado.
O caixão chegou ao local às 7h51 depois de ser trazido de Itaipava, onde o corpo do apresentador começou a ser velado na noite da quinta-feira (3), no Parque Municipal Prefeito Paulo Rattes.
O corpo foi recebido pela Guarda de Honra da 1ª Companhia da Polícia Militar, que faz a segurança do Palácio Guanabara, e prestou honrarias ao apresentador.
O salão nobre do Palácio da Guanabara estará aberto das 8h30 às 10h para a família, e das 10h às 13h para o público.
Após o velório no Rio, o corpo do jornalista será levado para Taubaté, no interior de São Paulo, onde ele nasceu e começou sua carreira como locutor, em uma rádio local. Cid já havia declarado que gostaria de ser enterrado na cidade, junto com sua ex-mulher e uma filha, já falecida.
Cid Moreira morreu na quinta-feira (3), aos 97 anos, em Petrópolis, na Região Serrana do estado do Rio de Janeiro, onde morava. Ele estava internado no Hospital Santa Teresa, em Petrópolis, e morrreu de falência múltipla dos órgãos.
Cid foi o primeiro apresentador do Jornal Nacional – principal telejornal do país –, e ficou na bancada do noticiário por quase três décadas.
Na bancada do JN, Cid permaneceu por 26 anos, dando “boa noite” para as famílias brasileiras com seu marcante vozeirão. De acordo com o site Memória Globo, Cid fez isso cerca de oito mil vezes, até março de 1990, quando se despediu do noticiário.
'Lúcido até o fim'
A mulher do apresentador e jornalista, Fátima Sampaio, falou no Encontro com Patrícia Poeta ao vivo, sobre os últimos dias de Cid Moreira. Ela disse que ela e o marido chegaram a se mudar para perto do hospital, para que Cid fizesse diálise, e que ele ficou lúcido até o fim.
"Passei os últimos dias aqui com ele, não tinha outro lugar que eu poderia estar. Ele dizia estar cansado, não contei para ninguém para garantir sua privacidade e confortá-lo. Mas ele estava lúcido até o fim", contou a mulher ao vivo e direto do hospital.
Início com imitações e no rádio
Cid Moreira era filho do bibliotecário Isauro Moreira e da dona de casa Elza Moreira. Formado em contabilidade em 1944, Cid impressionava fazendo imitações ao microfone nas festas regionais que aconteciam na cidade de Taubaté- onde nasceu.
Em relato ao site “Memória Globo”, no ano 2000, o comunicador lembrou que um amigo que o assistia nessas festas o convenceu a fazer um teste de locução, já que seu pai era diretor da Rádio Difusora Taubaté. Cid chegou ao local para tentar uma vaga de estágio no setor de contabilidade da rádio, mas não escapou do teste de locução.
Sua primeira experiência no mundo do rádio foi em 1947, na Rádio Difusora Taubaté. De lá, ele foi para a Rádio Bandeirantes, em São Paulo; depois para a Rádio Mayrink Veiga, no Rio, e com as gravações de comerciais, se destacou emprestando a voz para inúmeros jingles nos anos de 1950.
Com a notoriedade alcançada, passou a apresentar programas de rádio e também humorísticos. Não demorou para se tornar galã e ser destaque em uma reportagem na qual posava sem camisa segurando um peso com o título: “Um locutor de peito! Ele é forte, mas não é de briga”. Em outro trecho, o jornalista o chama de “atlético, moço e simpático, Cid Moreira poderia ser galã de cinema”.
Passagem pelo cinema
Nos corredores da Rádio Mayrink Veiga, Cid Moreira chamou atenção do diretor Eurides Ramos e foi convidado para atuar no filme “Angu de Caroço” (1955). No elenco, o comediante Ankito, Adriano Reys, Consuelo Leandro, Agildo Ribeiro, Orlando Drummond e a cantora Mara Abrantes.
A participação de Cid Moreira foi breve: ele fazia o papel de um mestre de cerimônias que anunciava um número da personagem de Anilza Leoni. “Você gostou de aparecer naquele filme ‘Angu de Caroço’”, perguntou o jornalista da revista “O Mundo Ilustrado” para Cid Moreira, em abril do mesmo ano. E a resposta foi bem-humorada: “Eu quase nem apareço. Fui ver a fita e tive que repetir algumas sessões para conseguir acertar com o pedacinho em que eu surgia.”
A carreira como ator se resumiu a este trabalho, já que o locutor passou a se dedicar ao cinema mais tarde, mas como narrador de documentários.
Veja a trajetória até a estreia no “Jornal Nacional”, em 1969
● 1944 - Cid Moreira se formou em contabilidade aos 17 anos e no mesmo ano foi contratado pela Rádio Difusora Taubaté. Começou atuando na narração de comerciais;
● 1949 - Se mudou para São Paulo e começou a trabalhar na Rádio Bandeirantes e na Propago Publicidade;
● 1951 - Cid Moreira se mudou para o Rio de Janeiro, onde trabalhou na Rádio Mayrink Veiga por cinco anos;
● 1955 - Já com status de galã pela notoriedade conquistada por sua voz marcante nos jingles de inúmeros comerciais, atuou no filme “Angu de Caroço”, de Eurides Ramos;
● 1956 - A partir daí, o locutor teve as primeiras experiências na televisão, na TV Rio. Apresentava comerciais ao vivo nos programas “Além da Imaginação” e “Noite de Gala”;
● 1963 - Estreia de Cid Moreira como locutor de noticiários, ainda na TV Rio, no “Jornal de Vanguarda”. Ele trabalhou em toda a trajetória do programa, que teve passagem pela Globo, Excelsior e Continental;
● 1969 - Cid Moreira voltou para a Globo para assumir o posto de Luís Jatobá no “Jornal da Globo”, um noticiário de 15 minutos, que era exibido todos os dias às 19h45. No mesmo ano, em setembro, integrou a equipe do “Jornal Nacional”, primeiro telejornal exibido em rede nacional no Brasil. “Eu chegava no horário de fazer o jornal, não participava da redação. Eu só ia para apresentar o jornal. Naquele dia, cheguei e vi aquele nervosismo, todo mundo preocupado. E, para mim, era normal. Mas no dia seguinte, vi na capa do jornal O Globo: ‘Jornal Nacional…’ Aí comecei a perceber a dimensão. Eu ainda tinha na minha cabeça a ideia de rádio, que estava em todos os lares, em todas as casas, pela facilidade. A televisão não tinha essa facilidade”, lembrou ele em entrevista ao “Memória Globo”.
‘Senhor de todos os sortilégios’
Paralelamente, Cid também participou do “Fantástico” desde sua estreia, em 1973, revezando com outros apresentadores. Em 1999, ele narrou o famoso quadro de Mr. M, que se tornou um grande sucesso do programa. Sua voz icônica ficou tão ligada ao quadro que ele entrevistou o próprio Mr. M quando o ilusionista visitou o Brasil no ano seguinte.
A partir da década de 1990, Cid começou a se dedicar à gravação de salmos bíblicos. Em 2011, realizou o objetivo de gravar a Bíblia na íntegra, projeto que se tornou um grande sucesso de vendas.
Em 2010, foi lançada a biografia “Boa Noite – Cid Moreira, a Grande Voz da Comunicação do Brasil”, escrita por sua esposa, Fátima Sampaio Moreira. Durante a Copa do Mundo daquele ano, ele gravou a famosa vinheta “Jabulaaani!” para a cobertura do “Fantástico” e programas esportivos da Globo, adicionando mais um capítulo à sua ilustre carreira.
Fonte: GShow
Gostaríamos de utilizar cookies para lhe assegurar uma melhor experiência. Você nos permite? Política de Privacidade