O casal investigado por maus-tratos de crianças em uma escola particular infantil de São Paulo já é considerado foragido pela Polícia Civil. Os dois tiveram a prisão temporária decretada pela Justiça, mas até o início da noite desta segunda-feira (26) não tinham sido encontrados.
Segundo o delegado Fábio Daré, do 6º DP da capital paulista, a dupla também não entrou em contato para dizer que se entregaria. Ele afirma que os dois serão encontrados em breve: “É questão de tempo para pegá-los”, diz.
Eduardo Mori Kawano e Andrea Carvalho Alves Moreira são donos da escola Pequiá, localizada no Cambuci, zona sul da cidade, e foram denunciados por uma ex-funcionária por maus-tratos aos alunos. A professora filmou cenas em que as crianças eram alvo de xingamentos e mostrou as imagens aos pais, que foram então à delegacia.
Na tarde desta segunda-feira (26), a advogada do casal dono da escola, Fabiana Cristina de Macedo Cayres, disse que não teve acesso aos autos do processo e que, por isso, não tinha tido tempo de conversar com os acusados.
Segundo ela, os dois negam o crime. “Eles negam veementemente as acusações.” O Metrópoles tentou contato com a advogada no final do dia, mas ela não respondeu as mensagens.
Amarrado em poste
Em um dos vídeos mais chocantes, um menino aparece amarrado a uma pilastra com a própria blusa. Segundo o delegado Daré, as denúncias indicam que a permanência em uma sala escura era um dos “castigos”. “A criança era obrigada a passar horas dentro desse local escuro”, afirma.
Uma imagem mostra a dona da escola e uma funcionária advertindo crianças entre 1 e 2 anos com gritos e xingamentos. Em outra cena, um aluno que fez xixi na roupa é humilhado na frente dos colegas. “Hoje você não fez xixi na roupa por qual motivo? Vou começar a conversar com você e gravar as suas respostas. Quando a sua mãe, seu pai ou sei lá quem vier te buscar, eu vou pegar e colocar: ‘Aqui a resposta do seu filho pra mim’”.
Em outro momento, a diretora chama a atenção de uma menina de pouco mais de 1 ano para que ela guarde os brinquedos que estão no chão. “Eram só quatro pecinhas, e já que você quer dar uma de louca, vai guardar tudo”, diz a diretora para a criança, que é vista chorando.
Até agora, 12 mães prestaram depoimento, e todas relataram mudança de comportamento dos filhos. A polícia não sabe há quanto tempo os maus-tratos aconteciam. A escola fechou as portas na quarta-feira (21) após as denúncias.
Denúncia em 2016
Depois da divulgação do caso, outra professora, que trabalhou na escola infantil, afirmou que em 2016 havia denunciado a conduta dos proprietários. Sem se identificar por medo de retaliações, ela levou o caso à Secretaria de Estado da Educação, mas a apuração não foi adiante.
A professora trabalhou na escola por quase um ano, entre 2015 e 2016. No início, ela conta, os donos não praticavam maus-tratos na sua frente. “Depois de muitos meses, fui descobrir o que faziam.”
Fonte: Metrópoles
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