Foram dias de muita festa no Carnaval de Salvador. E esta colunista que vos escreve enviou um integrante da coluna até a capital baiana para entender mais sobre essa festa, considerada a maior do planeta. É de se espantar com a multidão de pessoas que tomam conta das ruas e têm fôlego para até sete horas de trio elétrico. Pois bem. A gente trouxe um resumão do que rolou e já adiantamos para vocês que Ivete Sangalo foi a decepção da folia. Mas calma, que vamos começar do início.
Claudia Leitte, muito criticada pelas pessoas no decorrer do ano passado, mostrou que é uma estrela que não deixa a peteca cair. De todos os blocos que estivemos, a cantora foi a que mais entregou para seus fãs. A repetição das músicas foram mínimas e o figurino estava impecável. A única pedra no sapato da artista é a política, já que ela ainda não aprendeu a lidar com a situação. Mas, nem isso apagou o show que ela deu.
Além disso, os seguranças do bloco passaram dentro das cordas buscando pessoas que estavam com drogas ou que invadiram o espaço sem comprar a camiseta que dá direito a estar ali. Não foram poucos e parece que a droga foi algo muito presente nesse Carnaval. Várias pessoas pareciam estar ali só de corpo, porque a cabeça e a alma estavam longe. Isso foi comum em vários trios.
Bell Marques, que é um Deus para o público do Carnaval, não entregou tanto na voz, pareceu cantar o mínimo que pôde e chegou a deixar o trio “abandonado” por 20 minutos. Atraso é um dos seus pontos fortes. Junto com Daniela Mercury, os dois chegam a atrasar o percurso dos outros trios em mais de duas horas e meia.
Falando em Daniela, ela foi uma das afetadas pela “greve” dos cordeiros que, em vários trios como Timbalada e Ivete Sangalo, simplesmente abandonaram a corda que separa o público pagante do público em geral. Fomos atrás para saber o motivo e descobrimos que, pelo trabalho massante e sujeitos a vários tipos de agressores e banhos de bebidas constantes, os trabalhadores ganham apenas R$ 60 por oito horas de trabalho. Dizem que Claudia Leitte foi uma das poucas não afetadas, por ser do grupo que paga melhor, R$ 100 pelo mesmo período.
A Prefeitura e o Governo da Bahia devem voltar os olhos para esses profissionais, já que os abadás não são nada baratos. Os valores começam em R$ 400 dos menores blocos e chegam até a R$ 1.800 dos mais famosos, então, com certeza, daria para pagar melhor essas pessoas. Dizem que Ivete, num grupo dos cantores do Carnaval, foi a primeira a avisar que o problema aconteceria.
Falando na baiana, ela foi a decepção desse Carnaval e esta coluna soube que é recorrente o tratamento aos presentes em seu bloco. Ivete Sangalo faz bonito para as câmeras, oferece celular para quem é roubado, paga caixa de isopor de quem perde seus produtos quando seu trio passa, mas isso tem um motivo.
O trio é extremamente apertado. Primeiro porque, diferente dos outros, parece que é vendido a mais do que o que comporta o espaço delimitado pelas cordas. São pessoas caindo em cima das outras e por muitas vezes você mal toca o chão. A tal da “onda”, sessão de empurra-empurra provocada por quem está coordenando a passagem do trio é constante. Os profissionais vão na frente abrindo caminho para que o trio elétrico passe e com zero respeito saem empurrando sem dó, nem piedade. Vimos cenas de mulheres caindo e se machucando. Quando o trio parece ganhar espaço, a cantora, do alto, solta a frase: “Aperta essa porra aí”, se referindo as cordas em seu segundo dia de apresentação.
As reclamações sobre as condições oferecidas pelo bloco, um dos mais caros de Salvador, foram temas constantes. Várias pessoas disseram que não pretendem passar mais pela humilhação no ano seguinte. Os seguranças do bloco da Ivete foram classificados como: grosseiros, mal educados e até “animais” no trato com os pagantes, segundo um grupinho de fãs.
Além disso, a cantora saía constantemente para “mijar”, como a própria dizia, e os momentos falando, falando e falando foram constantes, outro fato que não agradou quem estava sendo amassado lá embaixo. Ivete Sangalo chegou a repetir em uma única apresentação seis vezes a música “Cria da Ivete”. A cada passada em uma câmera de TV, lá vinha a música, que perdeu o prêmio de melhor canção para “Zona de Perigo”, de Leo Santana, que vive um momento de rei no país.
*Com Fábia Oliveira/Ig
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