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Jogo do Tigrinho: mulher relata como família perdeu R$ 400 mil

Por Elisângela Costa em 17/06/2024 23:50:05

Uma alagoana relatou o drama e sofrimento vivido pela família após o neto dela adquirir uma dívida de cerca de R$ 400 mil participando de apostas online, como o jogo do Tigrinho. A perda do patrimônio não estava nos planos da mulher, que teve que vender a casa, o carro e tirar dinheiro que tinha guardado do banco para quitar o débito. A Polícia Civil de Alagoas está investigando o crime e 40 influenciadores alagoanos são alvos das diligências policiais.

Essa avó afirma que perdeu tudo o que tinha por causa de jogos de apostas online. Ela diz que o neto começou a jogar por incentivo de outras pessoas e não teve mais controle sobre as dívidas, que estavam ficando cada vez maiores.

“O meu neto perdeu tudo que a gente tinha. Começou a perder, perder, perder. Perdeu o carro, perdeu o dinheiro que eu tinha no banco. Por fim, deu o golpe na empresa que ele trabalhava de 200 mil. Eu tinha minha casa que valia mais de R$ 300 mil, entreguei pelo débito de 200 mil e, por fim, perdemos tudo que tínhamos”, relata ela.

O acúmulo de dívidas e a dependência nos jogos acarretam, inclusive, em problemas psicológicos nas vítimas e esse foi um dos pontos elencados pelo delegado José Carlos, que participou de operação direcionada aos influenciadores, iniciada na sexta-feira (14) e finalizada nesta segunda-feira (17). Segundo ele, a dependência causada pelos jogos é semelhante aquela atribuída a drogas como o álcool e os entorpecentes.

“Todos esses delitos que envolvem esses jogos online têm efeitos nefastos. Têm levado à riqueza de alguns influencers às custas do suor e do sangue de muitas pessoas, especialmente das pessoas pobres e, quando eu falo de sangue não é uma metáfora não. Infelizmente tem muita gente cometendo suicídio, tem muita gente levando toda a família à ruína, tem muita gente até cometendo crime, furtos e roubos, se endividando e sofrendo ameaças com agiotas para custear dívidas relacionadas a esses jogos do tigrinho”, reforça a autoridade policial.

A avó continua a relatar que a filha está sofrendo depressão, que ela está doente e o neto “passando fome” em outro estado. “Minha família desmoronou, e a família toda sofrendo por causa dos infelizes desses jogos. E eu não sei como vou continuar vivendo. Espero que outras famílias não passem o que a gente está passando hoje. Porque está sofrendo toda a minha família”, desabafa a mulher aos prantos, pedindo ajuda e fazendo apelo para que os jogos saiam da rede de internet.

Durante a investigação da Operação Game Over, com a quebra de sigilo autorizada pela Justiça, a Polícia Civil teve acesso aos áudios dos influenciadores dando dicas de como aplicar golpes no “jogo do Tigrinho”. Uma suspeita, inclusive, orienta um seguidor a simular que está jogando e faturando, o que motivaria mais pessoas a clicarem no link.

“E quando for fazer os stories, animação viu?! Bem feliz, bem animado, tipo tô feliz, tô faturando. Infelizmente amigo, é isso que as pessoas querem pra poder clicar no link. Arrebente aí”, diz uma das investigadas, em um áudio.

Em outro áudio, uma investigada reforça: “Se for possível, coloque um lembrete porque é muita coisa e a pessoa acaba esquecendo. Sei como é isso. Você tem que fazer a divulgação e queira não queira você tem que fazer as postagens orgânicas. O Instagram precisa disso. O ideal é que seja alguém que faça você jogando e lhe marque”, ensinou ela.

Sem autorização para funcionar, o chamado jogo do Tigrinho viciou os próprios influenciadores, segundo as investigações. Eles teriam começado a lavar o dinheiro em bens de luxo, colocando em nome de outras pessoas.

Durante a operação policial, iniciada na última sexta-feira (14) e continuada nesta segunda-feira (17), foram apreendidos três carros de luxo – duas Porsches e um Volvo –, um Fiat Fastback, uma lancha, além de celulares, dinheiro e passaporte. Os nomes dos investigados não foram divulgados pela Polícia Civil.

Durante entrevista coletiva, nesta segunda-feira (17), os policiais disseram que a soma dos bens apreendidos nos imóveis de influenciadores alagoanos – 12 alvos - se aproxima de R$ 31 milhões. A operação doi deflagrada em bairros de Maceió e, também, na cidade de Marechal Deodoro. Quarenta pessoas estão sendo investigados pelo crime de estelionato.

De acordo com o delegado Lucimério Campos, as contas nas redes sociais de influenciadores com mais de um milhão de seguidores foram bloqueadas pela Justiça.


Fonte: GazetaWeb

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