Pela primeira vez no mundo, um bebê fruto de um útero transplantado nasceu sem estar em um programa de testes científicos. Após receber o órgão de uma doadora morta, a americana Mallory (que não teve seu sobrenome divulgado) deu à luz um bebê em maio deste ano.
A história foi revelada nessa segunda-feira (24) pela Universidade do Alabama, nos Estados Unidos, onde Mallory fez seu transplante de útero no final de 2021. Embora seja uma universidade, a mulher não participou de um estudo científico: ela se voluntariou, como pode fazer qualquer pessoa no site da instituição.
A americana nasceu sem útero graças a uma condição genética rara, a síndrome de Mayer-Rokitansky-Küster-Hauser, que ela descobriu ter aos 17 anos. O bebê gerado, no entanto, não é seu primeiro filho: ela teve uma menina com seu marido Nick através de uma barriga de aluguel, feita pela sua irmã.
“Existem várias maneiras de aumentar sua família se você tiver infertilidade, mas o transplante de útero me permitiu realizar um sonho. Foi lindo ter a oportunidade de engravidar”, disse Mallory ao site da UAB.
O que é o transplante de útero?
Para receber um útero transplantado, a pessoa precisa passar por um processo que leva de dois a cinco anos e que se divide em cinco etapas:
Primeiro, é feita uma geração de embriões semelhante à da fertilização in vitro para garantir a fertilidade mesmo se ocorrerem complicações;
Depois, é feito um transplante em que o útero é retirado de um doador compatível e implantado no receptor;
No mínimo seis meses após a cirurgia, os embriões preparados da doadora são inseridos no útero para avaliar se ele é capaz de gerar um bebê;
A criança nasce por uma cesariana planejada, já que o órgão transplantado não tem as mesmas ligações naturais com a vagina que um órgão biológico. Caso o processo não funcione, é preciso esperar mais seis meses antes de tentar novas gestações;
Por fim, o útero é removido, já que enquanto a paciente o mantiver, deve tomar medicamentos imunosupressores que diminuem a saúde de seu corpo.
“O transplante de útero é o único tratamento médico eficiente para a infertilidade do fator uterino e, apesar da segurança e eficácia, ele atualmente é inacessível a pacientes que não estejam participando de estudos”, diz a diretora do programa de cirurgias da UAB, Paige Porrett.
Ao todo, foram realizados cerca de 100 procedimentos deste tipo no mundo desde que a técnica começou a ser testada, em 2014. Pouco mais da metade dos casos geraram gestações saudáveis até agora.
“Nosso objetivo é tornar este procedimento uma possibilidade acessível para todas as mulheres que querem vivenciar a gravidez e o parto, mas não podem por diversos motivos”, afirma o diretor da faculdade de medicina da universidade, Anupam Agarwal.
Fonte: Metrópoles
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