Seja para fugir do congestionamento, do desemprego ou até mesmo pela adrenalina do vento no rosto, as motos ganham cada dia mais as ruas das cidades. No interior, nada da imagem estereotipada dos longos percursos em cima do lombo de cavalos, mulas e jegues. Por lá, as motocicletas também são queridinhas e estão presentes em quase todos os domicílios.
E engana-se quem pensa que a adesão a esse tipo de veículo estagnou. Dados da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave) mostram que nos primeiros cinco meses deste ano, a venda de motos novas aumentou 32,8% em Alagoas, ante o mesmo período do ano passado. Foram 17.794 unidades vendidas nesse período, uma média de uma moto comercializada a cada 12 minutos no estado.
Atualmente, segundo dados da Secretaria Nacional de Trânsito (Senatran), a frota de motocicletas em Alagoas é de 407.035. Maceió lidera essa frota com 99.729, seguida por Arapiraca, com 54.918, e em terceiro lugar está Palmeira dos Índios, com 13.456.
O entregador Gilson Goulart é um exemplo dos novos motociclistas de Alagoas. Ele conta que a relação com a moto começou no período da pandemia. “Comecei a fazer a entrega de bike e vi a necessidade de mudar para moto. Veio então a oportunidade de fazer um financiamento e concluí a compra”, relata.
Goulart trabalhava com carteira assinada em uma loja no Centro de Maceió, mas decidiu pedir demissão e comprar a motocicleta para trabalhar. “Até pra comprar pão eu uso a moto. Tudo é com ela, desde levar a minha filha à escola a trabalhar com as entregas”, detalha.
Para ele, o maior desafio é o trânsito. “O dia a dia de quem trabalha na rua não é fácil. Há muitos motoristas e motociclistas imprudentes. Sofri dois acidentes. Em um deles, o motorista fez uma conversão proibida e me jogou ao solo, fazendo eu desmaiar. O motociclista vinha numa velocidade não permitida e não percebeu ou não deu para parar quando eu dei a seta para entrar à direita. Tive alguns arranhões e algumas perdas de peças da moto, mas tudo foi restituído”, explica.
Crescimento da frota de motos se dá devido às questões de mobilidade
O engenheiro de trânsito Antônio Monteiro explica que a questão do crescimento da frota de motos se dá devido às questões de mobilidade. “No nosso estado é muito precária a questão do transporte público. Então, se você tivesse um transporte público de qualidade, com muitas opções, atendendo todas as cidades, você não teria essa fuga gigante que é a questão da moto”, opina.
Monteiro conta que as pessoas buscam formas porque precisam se deslocar para o trabalho, para necessidades. “Então como o transporte de massa não funciona, as pessoas buscam o transporte individualizado. Como o carro é muito caro, o consumo de combustível é alto, a solução sempre vai ser a questão da motocicleta”, conclui.
Para o especialista, um dos caminhos para as cidades é avançar na construção de ciclovias. “Para que se migre da moto para a bicicleta, o que ocorre, por exemplo, em cidades como Curitiba e Fortaleza.. Uma porcentagem da população se deslocou, se desloca, hoje, de bicicleta. E aí é uma opção, principalmente para o menor [de idade], porque ele não pode guiar a moto”.
Sobre os acidentes envolvendo motociclistas, o especialista pontua que é preciso dar ênfase ao tripé engenharia, fiscalização e educação. “Ampliar de forma mais eficiente a questão das campanhas educativas, para mudar a questão do comportamento. Ampliar a fiscalização. A gente precisa voltar a ter em Alagoas controle de velocidade nas rodovias e nas vias urbanas”, frisa. Monteiro diz ainda que é necessário uma requalificação das vias para a proteção do pedestre, do ciclista e do mais vulnerável.
Outro ponto que ele apresenta como fundamental é a municipalização do trânsito. “A gente tem 102 municípios em Alagoas, mas apenas 18 municípios integrados no sistema”, ressalta o especialista.
Fonte: GazetaWeb
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