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‘Um absurdo’: o que diz Bolsonaro sobre o inquérito da Polícia Federal

Por Elisângela Costa em 27/11/2024 10:11:29

Indiciado pela Polícia Federal por supostamente tentar um golpe de Estado após as eleições de 2022, o ex-presidente Jair Bolsonaro rebateu as informações da investigação policial e garantiu que nunca pensou em golpe. Segundo ele, essa palavra ”nunca esteve no meu dicionário“. Bolsonaro ainda frisou que é “absurdo” afirmar que ele pensou nessa medida para continuar como presidente.

“Vamos tirar da cabeça essa história de golpe, ninguém vai dar golpe com general da reserva e mais meia dúzia de oficiais. É um absurdo o que estão falando. Da minha parte, nunca houve discussão de golpe. Se alguém viesse discutir golpe comigo, eu falaria ‘tudo bem, e o after day? Como fica o dia seguinte? Como fica o mundo perante a nós? Todas as medidas possíveis dentro das quatro linhas, dentro da Constituição, estudei”, disse ele a jornalistas após desembarcar no Aeroporto de Brasília nessa segunda-feira (25).

“Golpe de Estado tem que ter a participação de todas as Forças Armadas, senão não é golpe de Estado. Ninguém dá golpe de Estado em um domingo, em Brasília, com pessoas que estavam aí com bíblias debaixo do braço e bandeira do Brasil na mão, nem usando estilingue e bolinha de gude e muito menos batom. Não tinha um comandante", acrescentou.

Segundo Bolsonaro, o inquérito da PF foi conduzido sem a participação do Ministério Público e alterado para atender às vontades de quem estava responsável pela investigação.

“O inquérito não tem a participação do Ministério Público, a mesma pessoa faz tudo. E no final dá o relatório e vota para condenar quem quer que seja. Golpe de Estado é uma coisa séria. Tem que estar envolvido todas as Forças Armadas. Senão, não existe golpe. Ninguém vai dar golpe com um general da reserva e mais meia dúzia de oficiais“, pontuou.

“Não justifica denunciar da forma leviana como está sendo feito. Os inquéritos, ninguém tem dúvida, até pelos áudios vazados, que o processo todo é conduzido, é alterado o tempo todo. Inclusive, tem um grau de sigilo o mais alto possível para ser alterado à maneira que convém ao encarregado do inquérito", destacou Bolsonaro.


Íntegra do relatório

O STF (Supremo Tribunal Federal) divulgou nesta terça-feira (26) o relatório da investigação da Polícia Federal que levou ao indiciamento do ex-presidente Jair Bolsonaro e mais 36 pessoas por suposta tentativa de golpe de Estado. 

A PF indiciou os investigados pelos crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado e organização criminosa.

No documento, a Polícia Federal apontou que as provas obtidas ao longo da investigação sobre uma suposta tentativa de golpe de Estado demonstram “de forma inequívoca que o então presidente da República Jair Bolsonaro planejou, atuou e teve o domínio de forma direta e efetiva dos atos executórios realizados pela organização criminosa que queria a concretização de um golpe de Estado".

A PF afirma que o ex-presidente tinha “conhecimento e anuência" de uma carta elaborada por oficiais superiores do Exército ao então comandante do Exército, Freire Gomes, para pressioná-lo a aderir ao suposto golpe.

A corporação chegou à constatação devido a uma conversa entre o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, e o tenente-coronel Sérgio Cavaliere.

“Após Mauro Cid pedir para Sergio Cavaliere entrar em contato com o Coronel Anderson Moura, Cavaviere responde: ‘Falei com ele’. Mauro Cid diz: ‘Excelente’. Em seguida, Sergio Cavaliere faz a seguinte pergunta: ’01 sabe disso?‘. Mauro Cid responde: ’sabe...‘.“

Para a Polícia Federal, “as trocas de mensagens evidenciam que a confecção e disseminação da Carta com teor golpista, assinada por oficiais do Exército era de conhecimento e anuência do então presidente da República Jair Bolsonaro, sendo uma estratégia para incitar os militares e pressionar o Comando do Exército a aderir a ruptura institucional."


Veja a lista completa dos indiciados

Jair Messias Bolsonaro, ex-presidente da República

Mauro Cesar Barbosa Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro

Anderson Gustavo Torres, ex-ministro da Justiça e Segurança Pública

Augusto Heleno Ribeiro Pereira, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional

Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, ex-ministro da Defesa

Walter Souza Braga Netto, ex-ministro da Defesa e candidato a vice de Bolsonaro em 2022

Valdemar Costa Neto, presidente do PL

Alexandre Rodrigues Ramagem, deputado federal e ex-diretor-geral da Abin (Agência Brasileira de Investigação)

Filipe Garcia Martins, ex-assessor especial para assuntos internacionais de Bolsonaro

Ailton Gonçalves Moraes Barros, ex-major do Exército

Alexandre Castilho Bitencourt da Silva, coronel do Exército

Almir Garnier Santos, ex-comandante da Marinha

Amauri Feres Saad, advogado

Anderson Lima de Moura, coronel do Exército

Angelo Martins Denicoli, major da reserva do Exército

Bernardo Romao Correa Netto, coronel do Exército

Carlos Cesar Moretzsohn Rocha, engenheiro

Carlos Giovani Delevati Pasini, coronel do Exército

Cleverson Ney Magalhães, coronel do Exército

Estevam Cals Theophilo Gaspar de Oliveira, general do Exército

Fabrício Moreira de Bastos

Fernando Cerimedo, consultor político

Giancarlo Gomes Rodrigues, subtenente do Exército

Guilherme Marques de Almeida, coronel do Exército

Hélio Ferreira Lima, tenente-coronel do Exército

José Eduardo de Oliveira e Silva, padre

Laercio Vergilio, general da reserva do Exército

Marcelo Bormevet, policial federal

Marcelo Costa Câmara, coronel do Exército

Mario Fernandes, general da reserva do Exército

Nilton Diniz Rodrigues, general do Exército

Paulo Renato de Oliveira Figueiredo Filho, economista e blogueiro

Rafael Martins de Oliveira, tenente-coronel do Exército

Ronald Ferreira de Araujo Junior, tenente-coronel do Exército

Sergio Ricardo Cavaliere de Medeiros, tenente-coronel do Exército

Tércio Arnaud Tomaz, ex-assessor de Bolsonaro

Wladimir Matos Soares, policial federal


*Com R7

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